Sem duvidas a Amazônia é uma região de grandes contrastes que desperta muitos sentimentos; paixão e indignação são dois destes sentimentos. A ida de Vanessa Sequeira, 36, para o Acre foi movida pela paixão e vontade de fazer algo significante. Tinha vasta experiência de trabalho com comunidades rurais na Amazônia peruana, e viu no Acre os horizontes para novos caminhos do conhecimento, da pesquisa da contribuição. Infelizmente, também, o caminho ou o ramal que a levou ao seu brutal assassinato na tarde de domingo (04 de setembro) em uma comunidade rural do município de Sena Madureira. Esta terça feira amanhece com comemorações sobre o dia da Amazônia. Mas também, amanhece com as principais agências de noticias do pais noticiando a morte de Vanessa. Já foram tantas as manchetes de trabalhadores rurais, lideres ambientais, e este ano de dois pesquisadores estrangeiros. Até quando? O que fazer? Me parece que tudo esta fora do rumo, e os questionamentos agora não são apenas de justiça, porque o criminoso será preso (ou já esta, mesmo que ainda na condição de suspeito), mas sim sobre esta crise de valores humanos que vivemos hoje na Amazônia e no pais como um todo.
Nossas várias conversas por email, ainda antes dela ir para o Acre, eram principalmente relacionadas ao local em que iria desenvolver sua pesquisa no Acre. Vanessa estava querendo, inicialmente, desenvolver sua pesquisa na Reserva Extrativista Chico Mendes e em um projeto de colonização na região de Brasiléia, comparando estes dois modelos de uso da terra. Ao chegar no Acre, já para sua pesquisa de campo, resolveu explorar outras áreas e decidiu por trabalhar no município de Sena Madureira por ser uma das áreas no Acre ainda com pouca pesquisa disponível sobre desenvolvimento extrativista. Era a primeira pesquisadora a desenvolver pesquisa no Projeto de Assentamento Riozinho.
Minha última conversar com Vanessa foi via Skype e aconteceu há uns dois meses quando ela queria discutir comigo o questionário que estaria aplicando nas comunidades. Passamos umas duas horas conversando sobre pesquisa e a vida dela em Rio Branco. Gostava de ir para a Gameleira na beira do Rio Acre e de caminhar no Parque da Maternidade nos finais de tarde. Gostava muito também de ficar em casa. Me contou que uma vez quando estava fazendo trabalho de campo, um assaltante entrou na sua casa. Ela guardava seu Laptop em um “esconderijo” e ficou muito contente ao retornar e ver que o ladrão não conseguiu achá-lo. Era divertida e me contou estes fatos rindo bastante. Talvez esteja falando deste lado da Vanessa que eu conheci porque não quero pensar nas matérias que estarão publicadas nos jornais do Brasil nesta manhã que se “comemora o dia da Amazonia”.
Este é o primeiro espaço para divulgação de informações da "Rede de Pesquisadores em Reservas Extrativistas". Esta é uma iniciativa de pesquisadores, porém aberta a outros profissionais. Temos como objetivos (i) criar um espaço para divulgação e troca de informações sobre Reservas Extrativistas, (ii) desenvolver pesquisas colaborativas para subsidiar políticas públicas para Reservas Extrativistas e o diálogo com o movimento social. Envie-nos um e-mail para seu registro na rede.
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