População chocada com morte horrível
A investigadora portuguesa violada e assassinada no Brasil percorreu o Mundo, mas era numa pequena aldeia de Proença-a-Nova que se sentia em casa: passava férias em Sobrainho dos Gaios (Alvito da Beira) e era aqui que Vanessa Sequeira, de 36 anos, pensava viver no futuro, numa casa típica recuperada.
Ilda Soeiro, uma amiga da família, contou ontem, entre lágrimas, que os pais e a investigadora morta na Amazónia brasileira visitam muitas vezes a aldeia. “Sempre que podiam vinham cá. Os pais têm cá uma casa, que era dos avós paternos e compraram outra, que era dos meus pais, e também recuperaram. Como as outras irmãs não eram tão apegadas à terra como a Vanessa, ela dizia sempre que aquela casa ainda ia ser para ela.”
“Quando as pessoas estão doentes, ou morrem de acidente, já é uma dor muito grande, mas desta forma horrível é um choque muito grande. A gente regula-se por nós: eu tenho duas filhas e nem imagino o que seria se alguma coisa lhes acontecesse”, compara Ilda Soeiro.
A recordação de Vanessa Sequeira deixa todos com um sorriso nos lábios. “Ela vinha cá sempre que podia, adorava isto, passeava o cão, brincava com as pessoas, era uma rapariga impecável, uma pessoa muito simpática, tanto ela como os pais. A família é muito querida cá na terra”, diz.
Além de Sobrainho dos Gaios, terra natal do pai, Vanessa Sequeira, também costumava visitar a Quinta do Cerejal, em Sobreira Formosa. Mantinha aqui igual contacto com a natureza, pois “tinham sempre a preocupação de ir levar água e regar os sobreiros e as árvores”.
A investigadora estava na Amazónia brasileira a preparar uma tese de doutoramento sobre as populações que vivem da floresta amazónica e foi assassinada, domingo, por um agricultor, de 36 anos, que já se encontra detido.
ASSASSINO SUSPEITO DE MAIS MORTES
O corpo de Vanessa Sequeira foi autopsiado em Rio Branco, capital do Acre e trasladado para Lisboa, sendo hoje sepultado, no cemitério de Sobrainho dos Gaios, aldeia natal de seu pai. Estava previsto que o corpo chegasse hoje de manhã a Lisboa, depois de ter saído na madrugada de ontem de Rio Branco. Entretanto, ontem, em Rio Branco, o inspector José Barbosa de Moraes, da Delegacia Geral de Polícia do Acre, ordenou a reabertura de dois inquéritos por violação seguida de morte de jovens da região de Sena Madureira, que tinham sido arquivados sem indicação de culpados. Pelo modo de agir de Raimundo Nonato Rocha Lima, de 36 anos, já preso, considerado o autor da morte da portuguesa, a Polícia pensa que pode ter perpetrado também estes dois crimes, e um terceiro ocorrido na cidade de Boca do Acre, já no estado do Amazonas. Um dos crimes ocorreu em 1998, e a vítima foi uma deficiente de 22 anos, violada, torturada e morta. O outro caso aconteceu em 1999 e a vítima foi uma menina de 15 anos. O modo de agir foi semelhante.
FESTA ENSOMBRADA NA AMAZÓNIA
TRISTEZA
Vanessa Sequeira era uma pessoa muito alegre e sociável, granjeando a simpatia de todos os habitantes de Sobrainho dos Gaios, aldeia que visitava sempre que tinha disponibilidade. Por isso, a sua perda é muito sentida.
COLEGAS
A morte provocou grande consternação junto dos seus colegas investigadores que trabalham na maior floresta tropical do Mundo, também porque este crime ensombrou o Dia da Amazónia, assinalado a 5 de Setembro.
RELATÓRIO
O relatório da autópsia ao corpo da investigadora será divulgado nos próximos dias, mas o delegado da cidade de Sena Madureira, João Augusto Fernandes, diz que a causa da morte resultou de “várias pauladas” na cabeça.
Fonte: Correio da Manhã - Portugal, 07/09/06
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