terça-feira, setembro 05, 2006

Assassinato de pesquisadora marca um trágico dia da Amazônia

Vanessa Sequeira, pesquisadora portuguesa de 36 anos, foi barbaramente assassinada em Sena Madureira, no Acre.

É o segundo caso recente de assassinato de um pesquisador na Amazônia. O arqueólogo americano James Petersen foi morto em agosto do ano passado, em Iranduba, no Amazonas, durante um assalto ao qual não reagiu. Três acusados, entre eles um policial militar e um menor, foram presos.

Trabalhos como os realizados por Vanessa e James são de relevância estratégica para o desenvolvimento na Amazônia. Influenciam políticas públicas, denunciam problemas, colocam lugares e povos esquecidos no mapa, apontam caminhos. A comunidade científica com atuação nesta região está de luto e neste 5 de setembro, data inspiradora para fazer balanços de trajetórias e metas, o temor em relação ao futuro das pesquisas de campo na floresta se sobresai.

Christiane Ehringhaus, pesquisadora alemã e amiga de Vanessa, declarou em uma carta enviada ao blog da Rede Resex: "É dificil acreditar que neste Acre que todos nós trabalhamos com bastante tranquilidade durante todos estes anos possa acontecer uma coisa destas". E sobre a amiga considera: "Vanessa tinha paixão por esta vida 'tropical' e tinha um compromisso muito forte com produtores rurais na Amazônia, a conservação das florestas e a melhora da qualidade de vida - apesar dos sacrifícios pessoais e a distância que isto significava".

A antropóloga e também pesquisadora Mary Alegretti deu destaque ao acontecimento no seu blog: "Até pouco tempo atrás a Amazônia se caracterizava pela violência fundiária, mas estava livre daquela típica das grandes cidades. Agora não dá mais para ser pesquisador de campo como manda a tradição de centenas de anos das ciências sociais e naturais. Para onde vamos sem futuro?".

Sequeira estava fazendo doutorado pela Universidade de Wales Banfor, no Reino Unido. Sua pesquisa aborda a comparação de sistemas de produção extrativistas com sistemas agropecuários, para entender a realidade socio-economica dos projetos de assentamento da região. Ela tinha mais de 10 anos de experiência profissional em conservação e desenvolvimento de recursos naturais, com passagens pelo Brasil, Peru, India e Costa Rica.

Adaptado de amazonia.org.br. Ver esta e outras noticias também no blog do Altino, e Ambiente Acreano

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