quarta-feira, junho 28, 2006

Serviços ambientais prestados por seringueiros

Boa notícia.
Pela primeira vez uma política de pagamento por serviços ambientais está sendo implementada de verdade. Só podia ser no Acre. Vejam a matéria a seguir reproduzida do site do PNUD:

Rio Branco, 27/06/2006
TALITA BEDINELLI da PrimaPagina - PNUD

Acre vai pagar para seringueiro preservarGoverno do Acre vai remunerar 900 extrativistas, com R$ 30 mensais, que ajudarem na conservação ambiental da Amazônia

Estradas abertas apenas quatro meses ao ano, acesso possível somente por meio de barcos ou aviões e IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, uma adaptação do IDH aos indicadores regionais brasileiros) entre os menores do Acre. Esse é o perfil de seis municípios que são o foco de um plano de desenvolvimento realizado pelo governo do Estado, denominado IDH-6. O projeto prevê ações em educação, saúde e geração de renda — entre elas a distribuição, a partir de julho, de uma bolsa de cerca de R$ 30 mensais para 900 seringueiros que ajudarem na conservação da Amazônia.

O IDH-6 foi implantado no início deste ano e abrange as cidades de Jordão (menor IDH-M do Estado), Santa Rosa dos Purus (segundo mais baixo), Marechal Taumathurgo (terceiro), Porto Walter (quarto) e Manuel Urbano (sétimo). Além desses locais, Assis Brasil, o sexto município de maior IDH-M do Acre, também foi incluído na lista por estar localizado próximo à “Estrada do Pacífico”, ainda em construção, que deve ligar o Brasil ao oceano Pacífico através do Peru. Os municípios foram escolhidos por ficarem em regiões isoladas e por estarem no piso do ranking estadual do IDH-M, índice desenvolvido pelo PNUD e outros parceiros.

Os 900 seringueiros serão selecionados pelos governos do Estado e dos municípios e receberão a verba para ajudar na preservação da floresta. “É uma remuneração por serviços ambientais que será dada àqueles que tiram seu sustento da Amazônia sem desmatar”, destaca o secretário estadual das Cidades, Carlos Bernardo Araújo. Além da verba, os extrativistas receberão kits de trabalho com tigelas, facas e porangas (iluminação que ajuda os seringueiros a caminhar na mata).

O IDH-6 pretende ainda implementar nos seis municípios pelo menos uma escola de ensino médio e cursos universitários de Biologia, Matemática, Letras e Economia. “Queremos não apenas colocar escolas de ensino médio nas sedes desses locais, mas também em povoados mais afastados dentro dos próprios municípios. É difícil manter um professor nessas áreas, justamente por causa da distância. Por isso, adaptamos a grade curricular, que agora é modular, e os professores ficam cerca de 20 dias dando apenas uma matéria. Pensando nisso também, implementamos os cursos de terceiro grau, em parceria com a Universidade Federal do Acre. Precisamos formar professores nas próprias comunidades e criar uma mentalidade mais empreendedora”, ressalta Araújo.

Além do reforço escolar, o programa planeja construir em cada município um hospital de pequeno porte com um médico, um dentista e um enfermeiro, que deverão reforçar a equipe de profissionais de saúde das próprias prefeituras. A rede de saneamento básico também será ampliada. “Queremos que pelo menos 95% das pessoas tenham acesso à água tratada e vamos distribuir caixas d’água para evitar o desperdício e assegurar um melhor aproveitamento”, conta o secretário.

As ações na área de incentivo à produção regional incluem ainda a compra de 15 a 30 barcos por cidade, por meio de um convênio que deverá ser assinado pelas prefeituras com as associações locais e que prevê que os pescadores poderão utilizar as embarcações com um custo apenas de manutenção. Além disso, haverá distribuição de kits para ajudar na produção de farinha, e a compra de sementes de feijão, milho, arroz, melancia e abóbora de produtores locais para que sejam doadas posteriormente a agricultores que tenham interesse em plantá-las.

“É um projeto de suma importância que atinge municípios que são de difícil acesso. Por isso, estamos atuando junto com as prefeituras para promover a inclusão social”, destaca o secretário-executivo da Secretaria de Planejamento do Acre, Marcos Alexandre Médici Aguiar. “Não se justifica construir estradas nestes lugares porque eles são muito distantes. Procuramos então manter as características dos municípios e investir na qualidade de vida”, completa.

Veja o IDH-M dos municípios do projeto
Jordão: 0,475
Santa Rosa dos Purus: 0,525
Marechal Taumathurgo: 0,533
Porto Walter: 0,540
Manuel Urbano: 0,601
Assis Brasil: 0,670

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