Prezada Ministra Dilma Roussef
Na condição de cidadão brasileiro,professor universitário e filiado ao PT
do Paraná, venho manifestar minha inquietação diante da demissão da
historiadora, militante ecologista e defensora da questão sócio-ambiental
da Amazônia, agora ex-Ministra Marina Silva.
Esta inquietação deriva da visão cada vez mais hegemônica no Governo Lula
da dicotomia entre crescimento econômico (e uma vez mais confundido com a
idéia simplificada de desenvolvimento) e sustentabilidade sócio-ambiental.
A imagem do Brasil sofrerá profundo desgaste interno e principalmente
internacional diante do enfraquecimento na defesa da questão ambiental,
tão bem simbolizada na pessoa emblemática de Marina Silva.
É com pesar que constatamos, uma vez mais, a exemplo do que acontecia nos
anos 70, com o governo militar, a confusão entre desenvolvimento e
crescimento econômico, quando o mundo caminha na direção contrária.
Faço votos ministra, que na sua condição também de mulher excepcional,
defensora dos direitos humanos e exemplar na condução dos assuntos
públicos em nosso país, possa contribuir para o retorno necessário à uma
visão mais compatível com os desafios da modernidade, especialmente
olhando para o Brasil e a Amazônia, onde podem e devem estar incluídos os
seres humanos (com suas necessidades materiais e políticas, em termos de
justiça e eqüidade social, como aliás o Governo Lula vem praticando), as
exigências econômicas (de competitividade internacional e crescimento,
aqui sim situando-se o nó do desequilíbrio, pois o mercado pode sofrer sim
uma regulação,nesta matéria, limitando as práticas irracionais de
conquista de todas as fronteiras produtivas internas do país e ameaçando
os povos autóctones, guardiães do equilíbrio dos grandes ecossistemas
ameaçados do país, sob o signo do crescimento econômico).
Em nome do cuidado em alargarmos o presente, para as atuais e próximas
gerações que nos sucederão, reafirmo a necessidade de restabelecermos o
papel da razão, conjuntamente com os sentimentos que nos tornam humanos e
solidários com todos os habitantes da Terra, e em comunhão com a Grande
Mãe que nos abriga, a Natureza.
Prof. Dimas Floriani - RG 737.872-6 Pr
Universidade Federal do Paraná(UFPR) e Casa Latino-Americana de Curitiba
Este é o primeiro espaço para divulgação de informações da "Rede de Pesquisadores em Reservas Extrativistas". Esta é uma iniciativa de pesquisadores, porém aberta a outros profissionais. Temos como objetivos (i) criar um espaço para divulgação e troca de informações sobre Reservas Extrativistas, (ii) desenvolver pesquisas colaborativas para subsidiar políticas públicas para Reservas Extrativistas e o diálogo com o movimento social. Envie-nos um e-mail para seu registro na rede.
Um comentário:
A bem da verdade, me encomoda o papel de vítima que a Marina agora faz.
Ela sempre compactuou com esse governo... muitas vezes foi mais fiel ao seu partido do que ao próprio meio ambiente. Em vários outros momentos ela obteve derrotas ainda mais significativa do que a "perda da chefia do PAS". Aliás, ela não queria a transversalidade? Nada mais tansversal do que outra pasta cuidar de assuntos ligados tb ao meio ambiente... em ultima análise seria uma transferência de responsabilidades muito salutar!
O fato é que gestão ambiental no Brasil, com a presença da Marina no Ministério, continuou sendo como sempre foi: se o desmatamento da Amazonia subiu tá ruim, se o desmatamento abaixou tá bom!
O que mudou para as RESEXs durante a gestão Marina Silva? Como estão a Alto Juruá e a Chico Mendes hoje, por exemplo?
Postar um comentário